sexta-feira, 26 de março de 2010

Susan D. F.

Benjamin M. Fish se casara numa tarde assoalhada de 1879, sob roupas manifestas de chacota da pequena cidade de Alpaugh, CA. Escolheste a mais das inócuas mulheres que morava aos arredores do parecer vilarejo, para então poder blefar diante da singela multidão ali presente.
Susan D’Acolle trajava um vestido pouco favorecido a beleza modesta que aparentava.
Fish não era adepto as lorotas da Igreja, mas assim seguiu o tal ritual para poder concretizar um “sim” solene e mesquinho, como assim o julgara, em mercê ao seu ceticismo súpero.
Ao menos, finalmente Fish teria, em seu domínio, um rabo bem comido em suas noites de fadiga.
Estúpido fadário!
Mal beijou a noiva e pouco olhara ao seu arredor. Sucumbia aos sorrisos sobrepostos alheios e, em passos apressados, deixava a Igreja ansiando pela cama e pelo sossego que sua casa lhe suscitava.
Não fornicava há dias. E o acanhamento da esposa lhe dava nos nervos!

Chegamos ao quarto, ainda com a grosseira idéia dos ares romanescos. Com o sorriso bismuto amarelo, ela se aproximou do meu rosto e vagarosamente encostou seus lábios aos meus. Sentou-se em meu colo e senti o calor que partia de suas coxas e subia até o rabo.
Simpático, enfiei os dedos entre suas pernas. Ela nem se quer reclamou, apesar do desconforto memorável em seu olhar.
Vadia.
Mereceu três tapas no rosto. Mas juro, não a violei. Procurei me entreter de outras maneiras, como qualquer outro casal faria. E não compreendia porque ela continuava a chorar, mesmo com meus lábios se embebendo da sua, nem tão doce, vulva. Tudo muito seco e demasiado parco.
Pelo jeito que se sucedeu esta primeira noite, ainda não sei contabilizar quantos tapas mais serão merecidos para poder, finalmente, lhe comer a parte de trás.

Os Fish compareceram ao almoço em família no dia seguinte. Benjamin seguiu com seus sorrisos mentirosos. Susan permaneceu quieta e plácida nas horas seguintes, escondendo-se por detrás da maquiagem desairosa.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Ploszaj escreve a Fish. Em resposta a Natalia.

Com os olhos semicerrados, ainda tomado pelo sono que me restava no final daquela manhã, me dei conta do envelope rente à porta. Calmamente, abri.

Fountainebleaut, 25 de dezembro de 1884.


Tresmalhado Fish,

Em resposta a sua carta, assim o fiz.
Li em desprestígio ao mesmo lusco-fusco que escrevestes. Mas, desafortunadamente, eu ando meio desarrazoado e disléxico. Sem tardança, minha apreciação não poderias ser tomada de medida. Sabendo disso, a coesão diante à história me fugiu, pois ando mais matemático que nunca - e um tanto fastidioso com minha inevitável singeleza.
Meu ego à parte, gostei de algumas figuras, como "folhear qualquer coisa enquanto via o sangue saindo de ti" - embora tenha entendido isto como alegoria para "via você falar amenidades". Livrando-me do conhecimento sobre o autor, ficou ainda melhor. (!) Ah, não adianta.
O ego vem comigo. Maldito.
O ponto bom é que seu texto me recordou quão ruim eu sou. Não só pelo contexto em que me confronto com ele, o mesmo também me belisca. Chama-me de covarde, incapaz de matar por meus interesses. Amebas não são contemporâneas, nem em formigueiro.
Maldito! Odeio-te, e tudo que lhe associo. Mas merda, tais muito bem - em “sinergiazinha” com o mundo. Invejo-te daqui, do fosso da geekisse.
E não me venha com filantropia, resgate é coisa do medievalismo.

Por fim, lamento que eu não possa ter contribuído para exacerbar sua recepção de autoridade, porém tenho certeza que acharás bons interlocutores nesse caminho percorrido. Sou obsoleto não somente por depreender vagamente a exposição de causas do jantar e, ainda assim, ser mais adepto de comida congelada. Mas, não obstante, por não compreender a motivação da pequena menina. Também porque não temos uma maldita máquina no texto e eu não consigo presumir uma vida destarte. Argh! Odeio-te.
(Sabes ler esses "Odeio-te" e "Malditos", sim? Ele deve soar lisonjeiro).

Alegra-me que o meu egocentrismo tenha se ausentado, nem que se fosse por poucos pontos e parágrafos. Presumo que este não lhe atrapalhe como faz a pessoa que vos fala.
O meu ego foi somente o que lhe devolvi quando rogou para que eu agisse mutuamente com sua expressão. Não deixe as lisonjas atenuar o fato de que pela minha loucura não pude apreciar objetivamente, e que minha réplica não agrega nada a sua tentativa de interagir com o mundo. As lisonjas nem o “estilismo”.
Eu só falo assim porque é divertido.

Agora vou ao almoço, alimentar o id. Buenas tardes e boa sorte com suas (im)expressões.
Invejo-te novamente.
"Arrevuá".

Albert Ploszaj


Estupefato, coloquei o papel sobre o criado-mudo. No mesmo instante, inventei alguma coragem e fui dar uma volta no parque, aproveitando que o sol ainda pungia sobre o céu quase cinzento. A primavera padecia sobre o inverno. Demorado.
Ploszaj nunca mais aparecera nos arredores.
Vez em quando ainda me pego pensando nele.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Carta à amada Natalia.

Steamer Tacoma, 22 de março de 1884.

Doce menina. Somente tu sabes o quanto me fazes falta nas noites insistentes dessa cidade nada serena.
Dói ao relembrar aquela noite de verão em que antes se fez lusco-fusco e fomos, aos passos, em direção àquela casa de lajes brancas, petiscos infortúnios e beijos insípidos que jamais experimentarei. Não me esqueço de como aquele intrujão lhe invadia. Nunca pude conter-me. Estaria em seu lugar com a absoluta certeza.
Contentei-me em folhear qualquer coisa enquanto via o sangue saindo de ti.
Não posso comparar a textura de uma carne suína a sua. Não é tão doce suficiente.

Em uma quinta-feira de 1879, fui chamado para levar-te a um passeio de bom grado em uma casa, inventada, de uma amiga; sob o pretexto de estar ao seu lado. Tu disseste que sim, que poderias me acompanhar.
Levei um pote de queijo com morangos e nos sentamos à grama, perto de uma casa vazia, como o nome fictício de Westchester, que, por algum ponto de vista, parecia-me abandonada.
Lanchamos.
Aos poucos, avistando tantas árvores, sentou em meu colo e beijou-me. Pois então, decidi-me a comê-la.
A coloquei de lado, sob as flores frescas daquele campo e pedi para esperar enquanto adentraria aquela casa abandonada, a te esperar. Despi-me. E quando me senti pronto, chamei-lhe com um sorriso alvo pela janela, que viesse até meus abraços fraternos. Sei que sente falta de seu pai.
Subi as escadas ocas, e lhe esperei, deitado sobre um colchão que se esfacelava, nu. Enquanto seus passos se aproximavam, esperei atento para que pudesse rapidamente lhe apanhar. Quando me viste nu, começou a chorar, deu as costas, pronta a descer a escadaria apressada. Agarrei seus braços enquanto me estapeava, esbravejando-se, mordia e arranhava, a ponto de poder gritar.
“Não contarias a ninguém, contarias?”... sussurrava em seu ouvido enquanto aos poucos seus olhos se fechavam pelo sufocamento.
Primeiro te despi. E com muita cautela, cortei-lhe aos pedaços. Diminutos.
Cozinhei e comi. Como era doce e tenro seu pequeno rabo. Levou-me nove dias para comer todo o corpo. Não a forniquei. Tu morreste virgem.


O sangue que jorrava nunca me recordou a ejaculação. Matei porque não queria ninguém mais ao seu lado. Queria eu ter feito tudo isso com ele. Guardaria seus pedaços para lembrar-me de quantas vezes poderia ter sido o passado mais uma influência nas noites tórridas... sem você.
Fazes falta por aqui, pequena menina. Sabes o quanto fazes falta aqui comigo.
Nunca mais voltei a West
chester.
A solidão me foi o brinde.

Com amor, Benjamin Fish

terça-feira, 16 de março de 2010

Principles of Lust.

Voltaremos ao princípio.
Aos primórdios tempos em que o catolicismo dominava o ambiente mundial religioso, no qual, em tudo que se fazia, era com a intenção voltada a somente um Deus. A obedecer as regras que talvez, na grande parte da história, o próprio homem resolveu inventar.
A criação surgiu a partir do medo.
As regras se criam a partir de conclusões.

Qius est iste Rex glorie?

E quem é? Aquele somente um Deus? Os deuses que outros povos criaram?
E qual é o por quê da lógica de se acreditar nas regras que nem ao menos sabemos exatamente de onde vieram?

Realizaremos o desabrochar crescente dos fantasmas insólitos e torpes que ronda os nossos quartos e na tão merecida hora de “dormir”. A culpa é criada nesse ponto. Se há medos, há alguma culpa (isso é relativo?).
Cito novamente os princípios da luxúria – fatal assunto que rondará para todo e sempre meu imaginário.
A culpa não é minha. E muito menos de quem me cercou. Afinal, toda esta realização do prazer deu início a um duelo intrínseco que parece algo a “endless question”.
Há uma música perdida por aí, de grande respeito (a mim, claro), que nos diz assim: os princípios da luxúria estão queimando em sua mente. Você os quer? Faça-o até você encontrar o amor.

Eis o primeiro caminho em que chego. Até em que ponto um é separado do outro? Até em que ponto as duas são uma e uma são duas? O que converge e o que diverge?

Je ne dors plus...

Não mais como antes. Minhas noites de sono entram em valia e custam reacender o desinteresse pelo interesse em saber e encontrar a MINHA verdade. A sua verdade é o que lhe causa o encontro das suas próprias verdades. Afinal, a sua verdade é somente sua e somente você mesmo poderá mudar isto da noite para o dia.
Então, até em que ponto esses princípios “luxuriosos” me causam o prazer do mau?
Novamente comento sobre o Marquês Sade para fazer essa ligação intrínseca citada logo acima.
Eu queria era poder ter a grande prerrogativa de uma lavagem cerebral e recorrer aos primórdios sem influência. A síndrome de Mea Culpa ronda até os mais leigos, os menos comunicativos, os menos interessados, os nada-sabichões.

Isto tudo é parte do comportamentalismo ou serve mais a psicanálise?

Preciso ler mais, influenciar-me a tudo e esvaziar paradigmas insolentes (tanto do senso comum quanto da linha do raciocínio católico). “La vertu par le vice”.

Estou contando os dias para acabar com o vício do tabaco mais uma vez. E do café frio exacerbado.




(PS: Sade es-tu diabolique ou divin?)

terça-feira, 9 de março de 2010

Nightmares, flashlights and sudden explosions.

Eu não tenho uma vagina.

Por vezes me perguntei porque eu não tenho uma vagina.
O prazer que se busca a todo o momento varia de acordo com os dias. Variam emoções que você sente o que realmente você está precisando.

Robustez. O mau lhe proporciona vontades de acordo com as oportunidades aparentes. Não acredito que o sexo seja mau. Nem o prazer que se procura em cima disso.
Ficar inconfortável não excita em nada.

O sexo é uma variável.

Em Paradise Circus fica claro (como água cristalina) o que seja tudo isso que tento informar. Informar o que sou. Como lido com toda essa sacanagem.

Os pensamentos libidinosos são uma constante. Comigo são uma exceção. Um excesso.
Tudo parece ser demais.
Por tempos procurava modificar a minha libido em criatividade. E a criatividade se caracterizou em mim como algo libidinoso. É uma corrente que te faz rodar incansavelmente (insistentemente). Ter um pênis e pensar por ele é desafiar a própria índole. Porque percebi que quando algo me dói, me excita ainda mais. O queridinho Sade poderia explicar isso porque em certas maneiras, Freud para mim é burro. Jung na maioria das vezes dá conta.
E o que um abuso sexual infantil pode causar nas cabeças alheias?
Você pode se tornar menos sensível, mais persistente na dor... talvez o que lhe causa dor ou náusea lá no passado, vem para o futuro em forma de prazer.
A busca pelo sexo incessante traz conseqüências assustadoras para as pessoas que a sua volta freqüentam. Alguns homens freqüentaram meus quartos. Esquinas. Qualquer buraco pra satisfazer qualquer coisa. Poucos freqüentaram minhas idéias. Aquelas “piras, sacou?”.
O Diabo aparentemente faz parte disso. Biblicamente se explica. Converge-se.
É exatamente aí, que aquela culpa católica chata entre e faz estrago no psicológico humano. Mas acredito que culpa não existe. O mérito é de cada um.
Mas o que fazer quando não se sabe o que fazer com tanta libido? Com o excesso que vem dos tempos remotos em que você era apenas um garoto de 7 anos e tem que transformar os paradigmas que ainda engatinham?
Eu fiz sexo. Muito sexo
Aos 9 anos eu já sabia antes de todos.
O sexo fez parte da minha infância.
Cresci fazendo isso, descontroladamente. E nem tinha noção do que era “permitido”. Eu fazia. Ponto.
Eu era possuído (bem clichê mesmo. Isso nem cafona é, é quase desrespeitoso) por me motivar pelo sexo. O sexo era parte integrante e chave de tudo que girava ao meu redor. A maioria das coisas que consegui foi por causa dele. Gerado através dele.
Agora entro em choque. Ou eu acredito que fumo apenas pelo vício? (Essa fase Freud explica).
Encontrar simbologia a tudo é quase enfadonho. Sonhar com milhares de ratos talvez explica. Eu nunca tive tesão nos meus pais (não sofri do bendito complexo de Édipo, nem pela zoofilia, glória!). Mas pelo restante... (...) e me perguntava de tempos em tempos porque eu fazia tudo isso.
Aí entrou o amor no meio disso tudo. Complicou. Ficou intrincado. E o Diabo entrou em combustão espontânea. E sexo tornou-se um detalhe. Um tempero forte. O vício passou a prazer divino.

O prazer divino que, ao meu ver, se encontra tumultuado. Revolto.
E assim penso a falta que faz o “Diabo”...



É... eu não tenho uma vagina... (...) Que bom...





(PS: Massive Attack continua planejando as minhas ambições. Sigo por aqui me perguntando...).